Fraude do INSS afetou aposentados com deficiência e analfabetos, aponta relatório

Por Sérgio Ferreira 01/05/2025 - 13:59 hs

Redação

Uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal sobre descontos indevidos em aposentadorias do INSS revelou um cenário alarmante: pessoas em situação de extrema vulnerabilidade foram vítimas de esquemas fraudulentos, que violaram direitos garantidos por lei.

Entre os atingidos estão aposentados moradores de áreas rurais isoladas, pessoas com deficiência, doentes com dificuldades severas de locomoção e cidadãos analfabetos. Muitos desses beneficiários sequer têm acesso à internet ou meios de transporte para buscar ajuda, o que os torna alvos fáceis para organizações fraudulentas que se apresentam como entidades assistenciais ou sindicais.

Um caso emblemático citado no relatório é o de um aposentado de 78 anos residente em Manacapuru (AM), que teve sua aposentadoria vinculada à Associação de Desenvolvimento Rural Família Feliz, localizada em São Gabriel da Cachoeira (AM). Para ir de um município ao outro, seria necessário percorrer 957 km, utilizando táxis e barcos, em uma viagem de aproximadamente 27 horas e 30 minutos. “É improvável que um aposentado de 78 anos fosse percorrer tamanha distância para se associar, assim como também é improvável que funcionários da associação fossem percorrer tantos quilômetros em busca de associados”, destaca trecho do documento da CGU, citado pela Polícia Federal.

Enquanto os verdadeiros responsáveis ainda são investigados, milhares de aposentados continuam sofrendo com a ausência dos recursos que lhes são legalmente assegurados. Muitos estão sem condições básicas de sobrevivência, dependendo de terceiros para alimentação, medicamentos e transporte, justamente por conta do bloqueio ou desvio dos valores que deveriam receber mensalmente do INSS.

A fraude, além de ser um crime financeiro, representa uma grave violação dos direitos humanos e da dignidade dessas pessoas. Os órgãos de controle e fiscalização agora buscam não apenas punir os culpados, mas também restituir os valores devidos às vítimas e criar mecanismos mais eficazes de proteção aos beneficiários do INSS, especialmente os mais frágeis.

Fonte: Caio Spechoto | Folhapress